Tem uma definição que há muitos eu uso para me referir à pessoas que tratam as outras como objetos, que é o brinquedo que se pega no armário quando se está entediado, o brinquedo de gaveta.
Por quê a definição de brinquedo? Porque é quando uma criança, que está sem o que fazer, faz para passar o tempo. Só que há pessoas que fazem isso com outras, e não se trata de crianças. Essa é a definição para aqueles que se lembra de você apenas no momento de solidão, de tristeza, de tédio.
Na juventude, é quando querem se divertir, serem entretidos, serem divertidos por outros. Na idade adulta, é quando estão com conflitos internos ou mesmo solidão. Isso ocorre em relacionamentos familiares, de amizades e de namoro.
Aquele amigo que se lembra de você nos momentos que não tem ninguém pra sair, mas basta ter alguém que rápido esquece de você. Você deixa de ser prioridade. A simpatia, a alegria, a sociabilidade não passam de verniz. Mas o bom coração à procura de alguém é facilmente enganado por isso.
Tem também aquele que não tem ninguém pra desabafar seus problemas, mas basta também você ter problemas, que ele logo arranja um jeito de dizer que não está bem, que está sem tempo ou de forma apressada reduzir o seu problema à algo simples, como uma solução fácil para ele não ter que ter trabalho em tentar te ajudar, porque esse não é seu objetivo.
Na juventude, existem os 'amigos' que te trocam quando arranjam companhia, o abandono por namoro, faculdade ou trabalho, ou quando o grupo do qual vocês fazem parte não existe mais. Isso claro, eu me refiro aos amigos próximos, aonde ambos frequentam as residências de um e de outro e dividem tempo juntos em chats, chamadas de voz ou telefonemas.
A vida, com certeza afasta as pessoas pelo tempo, pelas dificuldade do cotidiano, mas eu me refiro à mudança repentina, seguida de mentira. Promete que quando se mudar pra sua cidade irá sair com você, e finge que você nem existe. Diz estar ocupado pra sair, mas se reúne com todos os amigos próximos à vocês, menos com você. Diz te considerar, mas basta um término de grupo para te excluir das redes sociais.
Se ainda há motivos para o afastamento, uma mágoa, uma briga, uma desavença, uma decepção, existe compreensão, mas sair de uma amizade longa e divertida para um afastamento repentino, não é coisa de gente de caráter.
Há aqueles também que ouvem mentiras e fofocas sobre você, e são tão seus amigos, que em vez de virem falar com você, preferem acreditar no fofoqueiro. Esses também nunca foram amigos. Também tem o caso daqueles que sentem que agora são adultos, e precisam se afastar de todos aqueles amigos 'jovens' ou com atitudes de adolescentes, porque agora precisam construir uma carreira. Esses eu não considero maus-caracteres, considero sociopatas mesmo, porque há a ausência de sentimento e empatia.
Mas eu acabei saindo um pouquinho do foco, fui do brinquedo de gaveta para o brinquedo no lixo (risos). Ambos trazem mágoa, mas os mais maquiavélicos são sem dúvida os que te guardam na gaveta, porque isso causa uma falsa esperança. Eles te usam como querem, porque são fracos o suficiente para enfrentarem a realidade da vida sem precisarem se escorar em alguém que podes lhe servir como alento em um futuro solitário. É bem parecido com quem comete adultério, a pessoa não está bem no relacionamento, vai procurar outro alguém para lhe dar atenção, mas não quer se desfazer do parceiro, porque pode não dar certo sua aventura e tem medo de acabar sozinho. Manipula como pode a relação à seu bel prazer, mas ter a coragem de fazer uma mudança íntima para o relacionamento funcionar melhor ou para terminar o relacionamento, não tem.
Os amigos que te usam como brinquedo de gaveta, que lembram de você apenas quando estão sós, nunca vão se preocupar com o que você realmente sente. Pra eles, você é um adorno, um canal de comunicação, um padre na sacristia, um bot de IA, não existe o 'você', existe apenas o 'ele'. Não se preocupam em se reformularem para sentirem pelo outro, resumem-se apenas em dizer que são como são e que é uma pena o outro não lidar com a sua personalidade, sem ao menos por a mão na consciência e pensar o quanto está usando, sendo frio, desigual e sem sentimentos com o outro. E geralmente essas pessoas que usam o outro como brinquedo, são aquelas que sempre se sentirão infelizes, porque ninguém, nem os amigos mais serviçais, lhes suprirão as necessidades. Egocentrismo, egolatria e narcisismo estão ligados à essas pessoas.
Dentro do arquétipo 'brinquedo de gaveta', há ao meu ver, dois tipos de indivíduos: os que te descartam quando você reage à essa 'relação' e os que mentem e omitem para continuarem agarrados à você. Mas nenhum dos dois se importa de verdade com o que você pensa, a diferença é que um não tem a válvula do apego e o outro sim. Podemos dizer que são diferenças de personalidade, uma mais orgulhosa, reativa e a outra mais deprimida e depreciativa.
Acho que todas essas pessoas, além de não terem empatia, não sabem o que é o amor. Eu não vou ser hipócrita e dizer que sei, porque estarei mentindo. Mas que sejam honestas com elas mesmas e com os outros pra mostrarem suas reais intenções e seus reais defeitos para não causarem estragos ainda maiores. O ponto é que, se houvesse minimamente essa preocupação, seriam pessoas menos piores e causariam menos estrago do que já causam.
Acredito que existam dois tipos de pessoas no mundo, as que tentam ver coisas boas e similaridades as suas nos outros e aquelas que querem ganhar vantagem em tudo, seja usando ou manipulando às pessoas à sua volta. Acho que é um caso perdido. O balanço mais triste no final, é que aquelas que tinham bons sentimentos, começam a se questionar se realmente vale a pena se doar para os outros e receber o desprezo de volta. Temos só um 'coração', precisamos tratá-lo bem, seja na companhia de alguém, seja na solitude da paz. Qual a sua escolha?
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